'Única coisa que o PSB fez foi mentir', diz moradora da casa onde avião de Campos caiu

CAIU O AVIÃO

Um ano após queda do avião de Campos, vítimas lutam para voltar à vida normal.

Um ano após a queda do avião que matou sete pessoas, entre elas o candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, moradores e proprietários ainda lutam para voltar à vida normal e lutam para superar traumas, como o medo de ficar sozinho em casa, depressão, ou mesmo o fato de ter ficado sem uma lar por mais de seis meses.
Apenas dois dos moradores ou proprietários dos 14 imóveis atingidos (13 casas e uma academia de ginástica) aceitaram um acordo financeiro para não processar os donos da aeronave e o PSB.

Além de Campos, também morreram no acidente o assessor Carlos Augusto Leal Filho, o chefe de gabinete no governo de Pernambuco, Pedro Valadares Neto, o cinegrafista Marcelo Lyra, o fotógrafo Alexandre Severo e o piloto Marcos Martins e o copiloto Geraldo M. P. da Cunha. A causa do acidente ainda está sendo investigada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Os imóveis, localizados no bairro Boqueirão, ficaram interditados de agosto a janeiro, quando as reformas começaram a ser feitas para possibilitar a volta para a casa. Durante a interdição da área, s pessoas preferiram ir para casa de parentes em vez do abrigo oferecido pela Prefeitura de Santos.
No prédio atrás do terreno onde caiu o avião, a reforma só terminou em maio, quando as pessoas puderam voltar para suas casas, após passarem 10 meses vivendo de favor com familiares. Marlene Rodrigues Martinez, mora em um apartamento no térreo com duas irmãs. Segundo ela, a maior parte dos dejetos do acidente foram retirados do terreno pela porta de sua casa.
O dono da academia Mahatma, Benedito Juarez Câmara, de 69 anos, reabriu a academia em 13 de julho deste ano. Antes de conseguir isso, ele precisou contar com a ajuda e solidariedade de fornecedores que venderam equipamentos que só serão pagos em junho de 2016, de alunos (que frequentavam suas aulas em locais improvisados), de uma escola (que emprestou a piscina duas vezes por semana para aulas de natação e hidroginástica) e até de um concorrente (que emprestou uma sala para que ele continuasse parte das aulas de musculação).

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Edna da Silva, de 54 anos, que teve sua casa invadida e destruída pela turbina em chamas do avião aterrissou na sala de estar, luta com um casal de filhos e uma neta para superar os traumas. Todos os familiares estavam em casa na hora do acidente, menos Edna, que estava no trabalho.
“Derramou combustível da aeronave e o fogo se alastrou. Foi um milagre todos terem se salvado, mas ficaram com queimaduras e cortes. Pegou fogo em tudo, com exceção do meu quarto. A Sthephany ficou muito abalada porque perdeu a gatinha, Janis. Mas ela teve muita ajuda e vai superando melhor tudo. Ela ganhou um curso de modelo no mês seguinte à queda do avião, o que a ocupou e lhe rendeu um novo guarda-roupa e mexeu positivamente com a vida dela. Isso tudo foi uma benção. Nós, os adultos, ficamos mais de três meses usando as roupas de doações e ainda não lidamos com tudo o que ocorreu. Não sei se será possível superar tudo, mas vamos melhorando um dia de cada vez. Eu queria poder esquecer tudo”, conta Edna.

Ela move duas ações na Justiça, uma contra a F Andrade (empresa que seria dona da aeronave) e outra ação contra o PSB. “A única coisa que o PSB e o Márcio França fizeram foi mentir nos jornais. Eles poderiam ter dado um socorro, em um momento tão difícil. Além de ter a minha casa completamente destruída, perdemos todos os documentos, móveis e utensílios domésticos. A gente viveu de solidariedade, da doação de tudo por pessoas que não nos conheciam”, conta Edna, que está endividada após ter de comprar todos os móveis e eletrodomésticos da casa. A vítima gastou cerca de R$ 25 mil apenas com isso e está endividada nas parcelas desses pagamentos.

Sérgio Azevedo, funcionário público aposentado, é aluno da academia Mahatma e estava no local, na hora da queda do avião e disse que a explosão no terreno ao lado causou um grande estrondo, além de calor insuportável.

 

(Fonte): Último Segundo – IG