Dólar caiu, mas a gasolina e o diesel continuam subindo

O dólar vem se desvalorizando em relação ao real e acumula perdas de 3,74% em 2021 (de 4 de janeiro a 14 de junho). Quem esperava um alívio nos gastos com combustíveis, uma vez que a moeda norte-americana influencia a cotação do petróleo e de seus derivados, acabou se frustrando na hora de abastecer.
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O preço da gasolina nas bombas vem aumentando semana a semana desde a metade de abril, e o preço do diesel sobe sem pausas desde o início de maio.
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Realidade bem diferente da previsão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que afirmou em 7 de maio que o preço dos combustíveis no país iria “baixar de novo”, devido à queda do dólar.

Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o litro da gasolina comum nas bombas avançou 28,24%, passando de R$ 4,426 na semana de 11 a 17 de abril para R$ 5,676 na semana passada (2 a 6 de junho). Nesse mesmo período, o dólar recuou 9,73%.

A alta do óleo diesel foi de 7,05%, indo de R$ 4,196 (semana de 25 de abril a 1º de maio) para R$ 4,492 na última semana. A queda do dólar nesse intervalo foi de 6,8%.

Por que os preços na bomba não acompanham o dólar?

A resposta, segundo especialistas ouvidos pelo UOL, é que a definição de quanto o consumidor vai pagar depende de vários fatores de toda a cadeia de produção dos combustíveis.

“Além da cotação internacional do petróleo, que também depende do câmbio em função de ele ser negociado em dólar, estão incluídos no preço final os custos com frete, distribuição do produto e também uma margem [de lucro] para remunerar a operação”, explica Carla Ferreira, pesquisadora do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis).

Internacionalmente, o preço do barril de petróleo está em rota de alta, tocando a faixa dos US$ 70, devido à alta procura. Como o Brasil é um importador de combustíveis, essa cotação tende a pesar nos preços internos.

“O custo internacional das commodities sofreu elevada valorização, seguindo o direcionamento dos preços do petróleo”, diz Sérgio Araújo, presidente executivo da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).

“No caso da gasolina, a elevação do custo dolarizado foi de 46%, enquanto para o óleo diesel a elevação foi de 38% neste ano. Adicionalmente, os custos logísticos internacionais apresentaram-se voláteis e superam em 1% os custos da abertura do ano”, afirma Araújo.

Ainda que no exterior o petróleo esteja mais caro, a Petrobras tem evitado fazer reajustes recorrentes na sua política de Preço de Paridade Internacional (PPI). Foram 40 dias sem mudanças, até o mais recente, anunciado na sexta-feira (11).

A estatal reduziu em 1,9% o valor da gasolina nas refinarias e manteve o do diesel.