Fusões podem ficar na conta do consumidor

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FUSÃO

Formação de grandes conglomerados, a partir da compra de concorrentes, pode afetar a disputa e levar ao aumento de preços no mercado

Qual sua cerveja preferida? Budweiser, Stella Artois, Corona, Peroni, Skol, Brahma ou Antártica? E quanto aos esmaltes? Você prefere os produtos Risqué ou as linhas internacionais da OPI? Independentemente da resposta, saiba que todas essas marcas que para o consumidor parecem até concorrentes, são dos mesmos donos. Isso mesmo. Se você escolhe beber Stella Artois ou Brahma está pagando à AB InBev, que, após comprar diversas fabricantes de cerveja, fundiu-se com o SAB Miller, dominando agora o mercado mundial das geladas, numa compra de US$ 104 bilhões. Já no caso dos esmaltes, a fusão da multinacional Coty com a divisão de cosméticos da brasileira Hypermarcas custou R$ 3,8 bilhões e uniu a Risqué e a OPI, antes duas das principais concorrentes do mercado nacional.
Para os acionistas, o acordo representa aumento de participação no mercado, conquista de novos públicos e redução de custos, com o enxugamento dos quadros e integração dos processos entre empresas. Já para o consumidor, as fusões podem significar menos alternativas de consumo e pouca diversidade de preços. E, para os concorrentes, principalmente os pequenos negócios, elas podem representar concorrência desleal e consequente venda ou falência da empresa. Ainda assim, apenas este ano, foram 361 permissões de fusões liberadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no Brasil.
Número elevado, na opinião do professor de economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) especialista em fusões Écio Costa. “Esses conglomerados unificam diversas áreas das empresas, como o financeiro ou a parte de logística, com conseqüente redução de quadro. Ganham escala de venda e ainda conseguem acordos melhores com fornecedores e distribuidores, logo, para as marcas maiores, é uma forma de fugir da crise ou de crescer.” Ou seja, para as empresas envolvidas, é um bom negócio. Os dois grandes problemas, na visão de Costa, são que, primeiro, a otimização dos processos não se reverte no preço final dos produtos, o que acaba prejudicando o consumidor pois ele terá menos alternativas de compra; segundo, com uma oferta reduzida, os preços podem até subir.

Quem também não saem ganhando com as fusões são os pequenos negócios locais. Sem o mesmo capital para investir em propaganda e distribuição e com uma escala bem menor de produção, os microempreendedores dos setores em que ocorrem grandes fusões acabam espremidos no mercado e muitos chegam, inclusive, a oferecer suas marcas para os grandes players. Essa é a preocupação do professor de economia da Faculdade Guararapes (FG) e consultor financeiro Roberto Ferreira. “O ideal para qualquer economia é um cenário de maior concorrência, o que nem sempre é possível. No Brasil, é mais fácil encontrarmos os oligopólios, que ocorrem quando poucas pessoas dominam o mercado. Isso é ruim, porque ficamos reféns de preços altos e baixa qualidade.”

E quem regula essas fusões? Cada país tem suas próprias leis de mercado e elas são soberanas. No Brasil, o órgão responsável por autorizar, regular, punir e fiscalizar esses negócios é o Cade. “O consumidor precisa se informar. É o único jeito de realmente combater os oligopólios e monopólios. Busque produtores locais, pesquise os preços, saiba de quem você está comprando e, caso se sinta lesado,  denuncie”, completa. Vale ressaltar que, ao contrário de outras nações, como os Estados Unidos, o monopólio e oligopólio não são proibidos no Brasil, mas o cartel, um acordo explícito ou implícito entre concorrentes para fixação de preços é crime.

(Via):Diário de PE

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