Michel Temer exonera os ministros Jungmann e Fernando Filho para ajudá-lo na votação da CCJ

BRASÍLIA – No provável dia da votação da segunda denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o presidente Michel Temer exonerou dois ministros para reassumirem seus mandatos e ocuparem vagas na comissão. Assim, garante mais dois votos a seu favor. A manobra irritou a ala antigovernista do PSB, que articulava para destituir a líder do partido, Tereza Cristina, e substituir dois deputados que votariam para arquivar a ação.

O PSB rompeu com o Palácio do Planalto pouco depois das revelações dos diálogos entre Temer e um dos donos da JBS, o executivo Joesley Batista. No entanto, boa parte da legenda se recusa a abandonar o governo.

— Vamos tentar reverter essa intromissão clara do governo para blindar Temer na CCJ. O governo está interferindo dentro do PSB para que a gente não consiga os quatro votos que teríamos — reclamou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
Os ministros exonerados são Raul Jungmann (Defesa) e Fernando Bezerra Coelho Filho (Minas e Energia), conforme o colunista Lauro Jardim antecipou. Jungmann é do PPS, mas entraria como suplente de um dos deputados do PSB trocados. Já Coelho Filho é do PSB e também assumiria no lugar de um dos correligionários substituídos.
A ala do PSB rompida com Temer quer tirar Danilo Forte e Fábio Garcia. Ambos votaram pelo arquivamento da primeira denúncia contra Temer na comissão em julho passado. As trocas de membros podem acontecer até o momento da votação.
SESSÃO INTERROMPIDA NA CCJ
Os debates sobre a segunda denúncia, a qual também inclui os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral), começaram às 10h10 na CCJ. Cerca de 15 minutos depois, a sessão foi interrompida para que fosse feita uma contagem do quorum, a pedido do PSOL. E a reunião foi retomada às 10h55.
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Deputados registraram presença na parte da manhã e se retiraram da comissão. Consequentemente, a reunião ficou esvaziada, num sinal de que o governo está tranquilo com o resultado da votação. O mesmo não aconteceu quando o presidente foi denunciado pela primeira vez, por corrupção passiva. Desta vez, o presidente e seus dois ministros são investigados por organização criminosa e obstrução à Justiça.
A votação deve acontecer na tarde de hoje, após a conclusão dos discursos contra e a favor do relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que recomenda o arquivamento da denúncia. Há 15 inscritos para falar, sendo a maioria da oposição. Mas novos oradores ainda podem se prontificar. A tendência é que a maioria da comissão vote como o relator, pelo arquivamento das acusações.
Depois que a CCJ votar, o caso segue para o plenário da Câmara, onde será votado na semana que vem. Lá, são necessários 342 dos 513 votos para que a denúncia seja autorizada e portanto as investigações sejam feitas pelo Supremo Tribunal Federal. No último dia 2 de agosto Temer se livrou da denúncia por corrupção passiva. Na ocasião, obteve no plenário 263 votos em seu favor e 227 contrários.
Com informações: O Globo