João de Deus se entrega em encruzilhada de Abadiânia

Pouco depois das 16h deste domingo (16/12), João de Deus se entregou às autoridades goianas. A defesa do médium negociava a rendição dele com a Polícia Civil de Goiás desde sexta-feira (14/12), quando a Justiça do estado expediu mandado de prisão contra João de Deus. Ele é acusado de abusar sexualmente de centenas de mulheres – alguns atos teriam acontecidos há mais de 20 anos.

A apresentação teria sido feita numa encruzilhada de estrada de terra na BR-060, em Abadiânia (GO), e o médium estaria sendo levado para a detenção em Goiânia. Mas nem a defesa do acusado nem a polícia forneceram ainda mais detalhes.

Ministério Público e a Justiça goiana consideravam o médium foragido desde sábado (15), já que a ordem de prisão fora expedida na véspera. Para a Polícia Civil do estado, contudo, ainda estava no prazo para ele se render espontaneamente.

Mais de 300 casos
A partir das primeiras denúncias, reveladas no último dia 12 no programa Conversa com Bial, da Rede Globo, mulheres do Distrito Federal e mais 13 estados brasileiros, e de três países, começaram a entrar em contato com o Ministério Público de Goiás. De lá para cá, os promotores colheram 330 relatos de situações nas quais o médio teria se aproveitado da confiança depositada pelas seguidoras para molestá-las e estuprá-las.

mitido pela Justiça a pedido do Ministério Público de Goiás (MPGO) e da Polícia Civil de Goiás (PCGO), o mandado de prisão em desfavor do médium, está disponível para consulta na internet. O documento, que estava sob sigilo, foi expedido pela Vara Judicial de Abadiânia (GO) e tem, curiosamente, validade até 12/12/2038. Com a queda do sigilo, João de Deus passou a ser considerado foragido.

Embora negociando com a defesa do acusado, a Polícia Civil de Goiás passou o fim de semana em diligências atrás do médium: os investigadores teriam ido a 30 endereços em Goiânia, Anápolis e Abadiânia, sem, contudo, localizá-lo.

“A partir do ponto em que o indivíduo é procurado em todos os seus endereços e não é encontrado, ele é considerado foragido. Não há nenhuma divergência em relação a isso”, explicou o promotor Luciano Miranda, integrante da força-tarefa montada no MPGO para averiguar todas as denúncias.

Silêncio em Abadiânia
Apesar de toda a polêmica envolvendo o líder espiritual, a Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus fazia os atendimentos normalmente, permaneceu aberta até o horário do almoço e encerrou as atividades em seguida.

Durante a manhã, aproximadamente uma dezena de pessoas permanecia no local, a maioria estrangeiros, vestidos de branco. Enquanto alguns faziam orações, outros permaneciam em locais de meditação da Casa.

Quem circula pela cidade encontra poucos pontos de comércio abertos e moradores receosos de falar sobre as denúncias que pesam contra João de Deus. Em condição de anonimato, algumas pessoas arriscam opinar sobre o assunto. Dizem, por exemplo, que o médium não era “flor que se cheire”, mas evitam as entrevistas Além disso, costumam mostrar preocupação sobre como a prisão dele deve afetar a economia do município.

(Com agências)