Doença de Parkinson além do tremor

A Doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva. É causada por uma diminuição intensa da produção de dopamina, que é um neurotransmissor, ou seja, uma substância química que ajuda na transmissão de mensagens entre as células nervosas.

A dopamina ajuda na realização dos movimentos voluntários do corpo de forma automática. Na falta dela, particularmente numa pequena região do cérebro chamada substância negra, o controle motor do indivíduo é perdido, ocasionando os sintomas característicos.

Com o envelhecimento, todos os indivíduos apresentam morte progressiva das células nervosas que produzem dopamina. Porém, algumas pessoas perdem essas células num ritmo acelerado e acabam manifestando os sintomas da doença.

Os motivos dessa perda progressiva e exagerada de células nervosas ainda não são totalmente conhecidos. Estudiosos acreditam que mais de um fator deve estar envolvido no desencadeamento da doença e que esses fatores podem ser genéticos ou ambientais.

A Doença de Parkinson é a segunda enfermidade neurodegenerativa mais comum e o objetivo do Dia Mundial é divulgar amplamente a doença, para que as pessoas reconheçam os sintomas e procurem a ajuda profissional, como explica o médico Neurologista e professor do curso de Medicina do IDOMED Estácio de Juazeiro-BA, Dr. Renato Leal.

“Os principais sintomas da Doença de Parkinson são a lentidão motora (bradicinesia), a rigidez entre as articulações do punho, cotovelo, ombro, coxa e tornozelo, os tremores de repouso, notadamente nos membros superiores e o desequilíbrio. São conhecidos como os sintomas motores da doença, mas podem ocorrer também sintomas não-motores, como diminuição do olfato, alterações intestinais e do sono.”
Vale lembrar que nem todos com Doença de Parkinson apresentam tremor. Em 30% dos pacientes não existe tremor, sendo a lentidão dos movimentos e a rigidez os sintomas mais evidentes.

O diagnóstico da Doença de Parkinson é essencialmente clínico, baseado na correta valorização dos sinais e sintomas descritos e diferenciando esta doença de outras que também afetam involuntariamente os movimentos do corpo. Os exames complementares, como tomografia cerebral, ressonância magnética etc., servem para avaliação de outros diagnósticos diferenciais.

Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1% da população acima dos 65 anos, conviverá com algum grau de enfermidades ligadas à Doença de Parkinson e esse número pode chegar a 3% até 2030, devido ao aumento da expectativa de vida da população.

Os casos de Parkinson em pessoas mais jovens vêm aumentando. De acordo com a OMS, é possível que 10% a 15% dos pacientes diagnosticados tenham menos de 50; cerca de 2%, podem estar abaixo dos 40.

O tratamento é feito com medicamentos que repõem parcialmente a dopamina, amenizando os sintomas da doença. Há diversos tipos de medicamentos antiparkinsonianos disponíveis, que devem ser usados em combinações adequadas para cada pessoa e fase de evolução da doença. Técnicas cirúrgicas, também podem ser indicadas em algumas situações, para atenuar certos dos sintomas da doença. O médico ainda recomenda que o tratamento seja com equipe multiprofissional. “Além do que falamos aqui, é importante associar a fisioterapia, fonoaudiologia, suporte psicológico e atividade física, o que, certamente, vai reduzir o prejuízo funcional decorrente da doença e proporcionar uma melhor qualidade de vida para o paciente, permitindo inclusive, que ele tenha uma vida independente, por muitos anos.”

Apesar de ser um tema bastante pesquisado na área da saúde, ainda não há indícios de uma cura próxima, seja por uma medicação ou procedimento que acabe com o Parkinson. No entanto, há inúmeras pesquisas sendo desenvolvidas e que apontam para que, em breve, exista de um tratamento modificador para a Doença de Parkinson, ou seja, de um tratamento que a impeça de progredir.